Monday, August 10, 2009

Retificação de motores - 6ª Parte

Leia também os outros artigos de "Retificação de motores": 1ª Parte, 2ª parte, 3ª parte,4ª parte e 5ª parte.


Retificação do cabeçote

Um outro componente do motor que, geralmente, passa por retificações é o cabeçote.

Este, no entanto, antes de ser retificado precisa passar por outras cerificações, além das descritas anteriormente, para determinar se há necessidade de outras correções prévias ou mesmo se há condições de ser reaproveitado.

Teste de estanqueidade

Faz-se inicialmente, o teste de estanqueidade. Para executa-lo, primeiro parafusa-se no cabeçote uma placa com o formato de sua face plana, utilizando-se uma junta de borracha para vedação.


Teste de estanqueidade do cabeçote.

Obs.: Como essa placa vai vedar totalmente o cabeçote deve-se deixar na mesmo local para abastecimento com água e ar, que possam ser vedados durante a realização do teste.

Em seguida faz-se o abastecimento do cabeçote com água quente (80° a 90° C) e aplica-se ar comprimido a uma pressão de 6 Kgf/cm².

Se houver alguma trinca ou rachadura nas galerias de água do cabeçote, devido à pressão do ar e à temperatura, a água deverá vazar por este ponto, revelando o local da trinca.

Verificação de empenamento e retificação

Corrigindo-se o vazamento (se existir e se for possível) passa-se à verificação de empenamento do cabeçote que pode ocorrer devido às variações térmicas por que o motor passa durante o funcionamento. (Obs.: Os cabeçotes de alumínio são mais sensíveis a essa ocorrência que os de ferro fundido). Para se verificar se um cabeçote está empenado utilizam-se uma régua de precisão e um calibre de lâminas, conforme mostrado na figura abaixo.



Medindo o empenamento de um cabeçote.

Após isso, e constatando-se um empenamento maior que o recomendado pelo fabricante, corrige-se o cabeçote com uma retificação (aplainamento) da superfície, a fim de que, quando novamente instalado no motor, possa comprimir uniformemente a junta e proporcionar boa vedação aos gases de compressão, ao óleo e à água.

Obs.: Antes de se retificar um cabeçote, deve-se também verificar se o mesmo já passou por outras usinagens e se ainda tem material suficiente para ser retificado. Os fabricantes de motores normalmente fornecem essa informação através da “altura mínima do cabeçote”.


Altura mínima do cabeçote.

Retificação das guias e sedes de válvulas

Ainda dentro do assunto “Cabeçote”, vamos nos referir, agora, à retificação das guias e sedes de válvulas.

Como se sabe, durante o funcionamento do motor, o calor gerado na câmara de combustão provoca forte aquecimento na cabeça das válvulas.

Estas, embora sejam fabricadas com materiais especiais, próprios para resistirem a altas temperaturas, mesmo assim precisam dissipar o calor recebido, para não atingirem temperaturas demasiadamente altas, acima de sua capacidade de resistência.

Para dissipar esse calor, as válvulas contam com duas vias: o contato da haste com a guia e o contato da cabeça com a sede, sendo através do contato da sede como cabeçote que a maior parte do calor da válvula é dissipada.


Locais de dissipação de calor pelas válvulas.

Por isso, ao se retificarem as sedes de válvulas (que podem ser no próprio cabeçote ou postiças), deve-se dedicar especial atenção às especificações do fabricante do motor para que a faixa de contato da válvula com a sede fique exatamente da largura recomendada: nem muito estreita (o que prejudica a transferência de calor), nem muito larga (o que diminuiria a pressão da válvula contra a sede e impediria a quebra dos depósitos de carvão que tendem a manter a válvula aberta).


Válvulas com sedes irregulares: a da esquerda tem a sede muito estreita e a da direita, muito larga.

Ainda a respeito da retificação das sedes, devem ser rigorosamente observadas a concentricidade e a perpendicularidade entre a sede o furo da guia, bem como o ângulo de usinagem da sede, pois, estes, da mesma forma como a faixa de contato, exercem grande influência no desempenho e vida útil das válvulas.

Com relação às guias, se for constatado que sua folga com a haste de válvula está acima da especificada, há dois caminhos a seguir conforme o tipo da guia:

1 – Se a guia for um furo no próprio cabeçote pode-se retificá-lo levemente até atingir a medida exata para instalarem-se válvulas com sobremedida.

2 – Se a guia for do tipo postiço, deve-se retirá-la e colocar uma nova. Normalmente essas guias são fornecidas com o diâmetro interno semi-acabado e por isso, devem ser retificadas até atingirem o diâmetro especificado.

Nessa operação deve-se cuidar para que o furo da guia fique exatamente perpendicular à sede, a fim de garantir um perfeito contato da válvula com a guia sede.

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